terça-feira, outubro 20

Especialista da ONU faz apelo urgente contra ataques a albinos na África

Ikponwosa Ero

A especialista em direitos humanos das Nações Unidas, Ikponwosa Ero, lançou na quinta-feira um apelo urgente por ação coordenada na África Austral e Oriental para combater o aumento nos ataques a albinos.

Ela alertou que "há um aparente aumento na demanda por partes dos corpos de pessoas com albinismo, que foi relatado no período que antecede eleições em diversos países africanos".

A primeira relatora independente da ONU sobre os direitos humanos das pessoas com albinismo afirmou que estas estão entre as mais vulneráveis da região.

Ero destacou ainda o "estigma e a discriminação" contra estes indivíduos e "séculos de negligência crônica à sua situação".


Segundo a perita, a "aflição" destas pessoas foi atualmente "agravada pelo medo constante de ataques por elementos, incluindo familiares, que valorizam as partes do seu corpo mais que sua vida". 

A representante afirmou estar  "profundamente preocupada com o padrão altamente perturbador de aumentos nos ataques quando ocorrem eleições na região".

Isso acontece devido a uma crença popular onde se acredita que uma pessoa pode ficar muito rica ou ter muita sorte se tomar uma poção com partes do corpo de um albino.

Ero pediu aos governos afetados que "tomem medidas específicas em caráter de urgência", principalmente através de colaboração regional e internacional para pôr um fim a estes "crimes abomináveis". 

Ela também sugeriu que "todos os atores políticos a garantir que os seus candidatos e apoiantes não estão associados direta ou indiretamente em tão graves violações dos direitos humanos".

Desde que a especialista independente tomou posse em 1º de agosto foram relatados ataques em 6 países da região.

Estes incluem o caso de um queniano com albinismo de 56 anos que foi atacado e teve as partes do corpo decepadas e não resistiu aos ferimentos.

Um mês antes, os restos do corpo desmembrado de uma mulher com albinismo de 20 anos foram encontrados numa cova rasa próxima da sua vila em Phelandaba, na África do Sul. A maioria das partes do seu corpo e da sua pele estavam em falta.

A especialista saudou a rápida reação das autoridades sul-africanas, que levaram à condenação de dois envolvidos a 20 anos de prisão.

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